Em Viçosa, cidade universitária localizada na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, as primeiras ações no sentido de solucionar a problemática da destinação dos resíduos sólidos aconteceram no ano de 2002, quando o “lixão” da cidade foi fechado. Nesse mesmo ano, de uma parceria da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Prefeitura Municipal de Viçosa (PMV), começou a funcionar a Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa, onde trabalhadores de materiais recicláveis fariam a triagem dos resíduos que chegassem através dos caminhões de coleta da PMV e sua posterior comercialização.
Verificou-se a partir de então a oportunidade de se incluir em uma cadeia sócio produtiva pessoas economicamente excluídas. Os catadores que viviam no “lixão” foram convidados a trabalhar na Usina e estima-se que cerca da metade deles aceitaram a proposta. Outras pessoas também foram trabalhar ali, todos caracterizados por baixa renda e baixa escolaridade.
Apesar das iniciativas tomadas pelo poder público no que diz respeito ao espaço físico de destinação de resíduos sólidos, a quantidade de resíduos gerados na cidade continuou aumentando proporcionalmente ao aumento da população e as condições de trabalhado na Usina não eram muito diferentes das encontradas no “lixão”: os materiais chegavam misturados e em péssimas condições de manipulação e venda. Era necessário um processo de sensibilização da comunidade a cerca desta temática e maior apoio aos catadores.
Em 2008, os trabalhadores da Usina se oficializaram como uma associação, a Associação dos Trabalhadores da Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa (ACAMARE), com o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP). Esta associação trabalha até hoje na Usina triando, prensando, enfardando e comercializando materiais recicláveis.
Concebido em 2007, o Projeto InterAção surgiu a partir de trabalhos de conclusão de curso sobre a condição dos catadores do “lixão” da cidade de Viçosa. Os alunos da Universidade Federal de Viçosa, juntamente com as professoras do departamento de Ciências Sociais, Nádia Dutra de Souza e Vera Lúcia Muniz, criaram um projeto de extensão que buscava a mobilização da sociedade civil para a importância da coleta seletiva. Também eram preocupações deste projeto a busca por desenvolvimento de hábitos de higiene nos locais de trabalho, a geração de empregos e de renda para os membros da ACAMARE, fazendo também com que esta associação pudesse se perceber como instituição e seus membros como seres políticos na atuação em pró do meio ambiente.
Em outubro de 2008, foi executada a primeira ação do Projeto InterAção com a implantação do projeto piloto de coleta seletiva em seis localidades da cidade de Viçosa: Complexo Acamari, Condomínio Papa João XXIII, Alameda Fábio Ribeiro Gomes, Condomínio Burle Marx, Condomínio Amorelo e Edifício Ana Catarina. O principal objetivo era a sensibilização dos moradores para fazer a separação binária (entre secos e úmidos) dos seus resíduos sólidos.
Na sua segunda fase, em junho de 2009, o projeto foi estendido para áreas como a região central de Viçosa, os bairros de Fátima, Santo Antônio, Cristais e algumas escolas. Neste ano, surgiu também a preocupação com o destino do óleo usado e implantou-se a coleta do mesmo que, acondicionado dentro de garrafas PETs, passou a ser recolhido pelo caminhão da coleta seletiva e encaminhado à Usina.
Anos mais tarde, o Projeto se tornou um programa de extensão, que incorpora diversos projetos, todos realizando ações no sentido de melhorar e ampliar a coleta seletiva, sensibilizar a comunidade e melhorar as condições de trabalho da ACAMARE.